- Tá bom, mãe. Pô, já falei que eu vou voltar de carona.
- Mas se cuida, então.
- Até parece que não me conhece, mulher! Beijos.
Pedro se considerava um adolescente normal que errava dentro da medida do esperado para os adolescentes comuns dos “tempos de experimentação”. Tinha tido algumas namoradas, traiu a primeira com a segunda e essa com a posterior, mas nada de caso pensado, e não que achasse isso certo. Simplesmente ele não parava para pensar muito a respeito e, afinal, ele não tinha prometido amor eterno. Achava sempre que com a atual é que era, essa sim, um relacionamento maduro.
Era do grêmio da escola e implicava com o pessoal do clube de xadrez, mas não chegava a sentir especial prazer nas perseguições organizadas pelos por alguns amigos. Também não se manifestava contra. Recebia uma mesada que dividia em duas parcelas: uma para comprar um carro e a outra para saídas. Saídas que envolviam beber, mas dezessete anos é quase dezoito e ele se considerava extremamente equilibrado e consciente.
Nunca chegou a pegar o carro da mãe e sair alcoolizado, mas aceitava uma carona ou outra quando considerava que o estado do motorista não representava perigo. Já era uma grana que economizava no táxi. Matava algumas aulas como todo mundo da sua idade, mas nunca chegou a perder o ano. E o curso de inglês era tão chato! Ele queria mesmo era fazer um intercâmbio, mas não sobrava dinheiro pra isso.
Jogava altinho na praia nos fins de semana e lá se envolvia com todo tipo de gente. No posto 9 de bermuda e sem camisa você não sabe quem é quem. Um dia foi chamado pra uma festa num sítio e lá rolou maconha. Ele aceitou, só pra ver como era. Nunca pensou em virar dependente ou coisa assim, ele não era cabeça fraca pra isso. A mãe queria saber de quem era o churrasco, ele disse que era de um amigo e não contou qual. Não era de nenhum amigo, mas era amigo de amigo, e ele tinha carona pra voltar.
Pra quem nunca tinha fumado nem cigarro convencional, até que ele foi bem. O problema é que os vizinhos, já cansados daquele tipo de festa com seu cheiro e o som nas alturas, ligaram pra polícia. Tinha tanta bebida, e ele, menor de idade, correu com todo mundo pra entrar nos carros, pular o muro ou o que fosse pra não ter que acordar a mãe no meio da noite e depois ouvir lição de moral em casa. Colocou uma garrafa de vodka embaixo da camisa, ele sempre quis uma garrafa daquela vodka polonesa, e se ela ali ia ficar pros policias.
- O que é que você tem aí escondido?
- Nada, pô.
- Então joga no chão e bota a mão na cabeça.
- A mão na cabeça? Há há, ta maluco. Não sou pivete não, porra.
- Joga essa merda no chão e bota a mão na cabeça.
“Ah, fala sério! Que PM babaca.” A reação foi rápida, ele ia tirar a garrafa e mostrar logo o que era, mesmo se ele tivesse que ser levado, depois ele se entendia com a mãe. Não era possível que ela achasse que ele nunca tinha bebido ou fumado um baseado. “Merda!”, o policial atirou. Atirou de novo. Foram dois estalos secos. Um nas costas e o outro na direção do ombro esquerdo.
O celular tocou. A mãe sempre achava que nessas festas de adolescente nunca tem comida e ela queria dizer que não tinha nada demais na geladeira, mas tinha dinheiro pra pedir alguma coisa, se ele chegasse com fome. Não seria necessário.
- Mas se cuida, então.
- Até parece que não me conhece, mulher! Beijos.
Pedro se considerava um adolescente normal que errava dentro da medida do esperado para os adolescentes comuns dos “tempos de experimentação”. Tinha tido algumas namoradas, traiu a primeira com a segunda e essa com a posterior, mas nada de caso pensado, e não que achasse isso certo. Simplesmente ele não parava para pensar muito a respeito e, afinal, ele não tinha prometido amor eterno. Achava sempre que com a atual é que era, essa sim, um relacionamento maduro.
Era do grêmio da escola e implicava com o pessoal do clube de xadrez, mas não chegava a sentir especial prazer nas perseguições organizadas pelos por alguns amigos. Também não se manifestava contra. Recebia uma mesada que dividia em duas parcelas: uma para comprar um carro e a outra para saídas. Saídas que envolviam beber, mas dezessete anos é quase dezoito e ele se considerava extremamente equilibrado e consciente.
Nunca chegou a pegar o carro da mãe e sair alcoolizado, mas aceitava uma carona ou outra quando considerava que o estado do motorista não representava perigo. Já era uma grana que economizava no táxi. Matava algumas aulas como todo mundo da sua idade, mas nunca chegou a perder o ano. E o curso de inglês era tão chato! Ele queria mesmo era fazer um intercâmbio, mas não sobrava dinheiro pra isso.
Jogava altinho na praia nos fins de semana e lá se envolvia com todo tipo de gente. No posto 9 de bermuda e sem camisa você não sabe quem é quem. Um dia foi chamado pra uma festa num sítio e lá rolou maconha. Ele aceitou, só pra ver como era. Nunca pensou em virar dependente ou coisa assim, ele não era cabeça fraca pra isso. A mãe queria saber de quem era o churrasco, ele disse que era de um amigo e não contou qual. Não era de nenhum amigo, mas era amigo de amigo, e ele tinha carona pra voltar.
Pra quem nunca tinha fumado nem cigarro convencional, até que ele foi bem. O problema é que os vizinhos, já cansados daquele tipo de festa com seu cheiro e o som nas alturas, ligaram pra polícia. Tinha tanta bebida, e ele, menor de idade, correu com todo mundo pra entrar nos carros, pular o muro ou o que fosse pra não ter que acordar a mãe no meio da noite e depois ouvir lição de moral em casa. Colocou uma garrafa de vodka embaixo da camisa, ele sempre quis uma garrafa daquela vodka polonesa, e se ela ali ia ficar pros policias.
- O que é que você tem aí escondido?
- Nada, pô.
- Então joga no chão e bota a mão na cabeça.
- A mão na cabeça? Há há, ta maluco. Não sou pivete não, porra.
- Joga essa merda no chão e bota a mão na cabeça.
“Ah, fala sério! Que PM babaca.” A reação foi rápida, ele ia tirar a garrafa e mostrar logo o que era, mesmo se ele tivesse que ser levado, depois ele se entendia com a mãe. Não era possível que ela achasse que ele nunca tinha bebido ou fumado um baseado. “Merda!”, o policial atirou. Atirou de novo. Foram dois estalos secos. Um nas costas e o outro na direção do ombro esquerdo.
O celular tocou. A mãe sempre achava que nessas festas de adolescente nunca tem comida e ela queria dizer que não tinha nada demais na geladeira, mas tinha dinheiro pra pedir alguma coisa, se ele chegasse com fome. Não seria necessário.
Srta. Bones I
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