O maior gente boa que eu conheço é o meu pai. Não é que o malandrinho se dá bem com todo mundo? Não sei explicar direito porque ele é gente boa, isso é coisa que só se vê no dia-a-dia: ele é político e ele é charmoso – não no sentido literal, não com aquela barriguinha de oito meses de gestação de gêmeos gordos –. Sinal disso é quando os SEUS amigos vão te visitar e não querem sair da cozinha porque lá “tá legal”.
Ele é irritantemente cativante. Aos 48 começou uma faculdade com a desculpa de passar o tempo. Com dois meses já estava ganhando festinha surpresa da garotada de ADM da Estácio. Mais conhecido como “velho”, “coroa” ou “tio”, recebeu um tragicômico carro de mensagens com direito a espuma, tapete vermelho, coroa e megafone. No primeiro período, porque no aniversário seguinte a galera já tinha aquela intimidade e a animadora do carro de mensagens não era mais a moça do braço quebrado, mas um autêntico travesti cantando “At first I was afraid, I was petrified” na porta da nossa casa e chamando minha mãe de baranga.
E ele é gente boa porque eu nunca levei uma palmada. Eu nunca nem tive que ouvir broncas gritadas a plenos pulmões, a gente sempre batia altos papos como se minhas conversas aos seis anos fossem tão relevantes quanto a paralisação de funcionários da empresa dele. Eu me sentia gente grande. E ele é gente boa porque quando eu estou surtando com minha velhice – vinte anos não é pra qualquer um não – ele me fala dos planos pós-aposentadoria. É mesmo um bon-vivant. Me diz que a gente tem a idade que sentimos ter.
É gente boa porque quando vamos fazer compras pegamos um carrinho só nosso, separado do da minha mãe. No dela se concentram toda a sorte de coisas saudáveis e cascudas. No nosso só o trivial: chocolate, sorvete, congelados, cerveja e amendoim pros jogos do Premiére Futebol Clube e Pringles, afinal, se mente sã é corpo são, o inverso também se aplica. E mesmo com toda essa garotice ele é a pessoa com mais senso de justiça que eu conheço, ainda me admira ver como ele sempre sabe o certo a dizer e fazer. Mais ou menos no estilo daquele faxineiro do Planalto que achou a mala recheada e devolveu.
E ele é gente boa porque sempre que eu vou de alguma night tem um lanche me esperando dentro do forno. As vezes ele acorda, me vê naquele estado deplorável e diz “você é fraquinha, quando eu tinha sua idade já passei três dias virado” e eu respondo “mas o aprendiz nunca supera o mestre”. E nem quero.
Ele é irritantemente cativante. Aos 48 começou uma faculdade com a desculpa de passar o tempo. Com dois meses já estava ganhando festinha surpresa da garotada de ADM da Estácio. Mais conhecido como “velho”, “coroa” ou “tio”, recebeu um tragicômico carro de mensagens com direito a espuma, tapete vermelho, coroa e megafone. No primeiro período, porque no aniversário seguinte a galera já tinha aquela intimidade e a animadora do carro de mensagens não era mais a moça do braço quebrado, mas um autêntico travesti cantando “At first I was afraid, I was petrified” na porta da nossa casa e chamando minha mãe de baranga.
E ele é gente boa porque eu nunca levei uma palmada. Eu nunca nem tive que ouvir broncas gritadas a plenos pulmões, a gente sempre batia altos papos como se minhas conversas aos seis anos fossem tão relevantes quanto a paralisação de funcionários da empresa dele. Eu me sentia gente grande. E ele é gente boa porque quando eu estou surtando com minha velhice – vinte anos não é pra qualquer um não – ele me fala dos planos pós-aposentadoria. É mesmo um bon-vivant. Me diz que a gente tem a idade que sentimos ter.
É gente boa porque quando vamos fazer compras pegamos um carrinho só nosso, separado do da minha mãe. No dela se concentram toda a sorte de coisas saudáveis e cascudas. No nosso só o trivial: chocolate, sorvete, congelados, cerveja e amendoim pros jogos do Premiére Futebol Clube e Pringles, afinal, se mente sã é corpo são, o inverso também se aplica. E mesmo com toda essa garotice ele é a pessoa com mais senso de justiça que eu conheço, ainda me admira ver como ele sempre sabe o certo a dizer e fazer. Mais ou menos no estilo daquele faxineiro do Planalto que achou a mala recheada e devolveu.
E ele é gente boa porque sempre que eu vou de alguma night tem um lanche me esperando dentro do forno. As vezes ele acorda, me vê naquele estado deplorável e diz “você é fraquinha, quando eu tinha sua idade já passei três dias virado” e eu respondo “mas o aprendiz nunca supera o mestre”. E nem quero.
Srta. Bones I