Notei hoje minha condição lamentável e sem volta em que me encontro. Entristecido, constatei que de fato havia acontecido comigo algo que tentava adiar dês de que entrei na faculdade, algo que abalava minha liberdade e sepultava minha vida social. Havia me tornado um engravatado. O terror de todas as crianças, o pavor de todos os jovens desleixados já não tão mais crianças assim e o demônio dos fantasiosos socialistas bem marmanjos e barbudos.
E de um dia para o outro, conseguir economizar cinco reais na compra de um anti-séptico bocal e descobri que vai poder acordar mais tarde no dia seguinte, são as únicas coisas que consegue te pegar de surpresa e fazer o seu dia. Assim, corre para comprar uma agenda, almoça correndo, perde aula para resolver pepino e agüenta a hora do rush.
Ah! A hora do rush! Quando o transito anda a dez por hora os nervos ficam a mil. Por mais que isso seja comum, uma hora cansa. E imagine minha tristeza quando me dei conta que enfrentar uma viagem de ônibus em pé e espremido fazia agora parte da minha vida. Não mais era mais um simples universitário .
Pois bem, a hora do rush pode ser traduzida literalmente como uma hora de grande movimento, de pressa, de afobação. Talvez por isso quem deixe pra ir pra casa mais tarde vive um happy hour. A minha hora do rush favorita sem dúvida é a volta para casa. Pois de manha muitas vezes as pessoas ainda nem acordaram direito, ficam até simpáticas de tanto sono. De noite não. A noite é um caos, um espetáculo! Aquele momento mágico em que as ruas se iluminam de luzes vermelhas (as do freio), de gritaria, de movimentação (ou a falta dele). Quando chove então tudo se compara ao penteado que sua tia usava nos anos 80, engraçado de tão triste.
E o olho de furacão de tudo isso é com certeza um ônibus parado no meio da ponte Rio-Niterói. Lotado de pessoas, malas e crianças chorando. Não há muita opção. É encarar isso ou a as barcas e seus passageiros andando a passos mais curtos que o próprio pé e de cabeças baixas para entrar na embarcação. É a marcha dos condenados. Só falta as roupas listradas e as bolas de metal presas aos tornozelos.
De qualquer forma, o ônibus é o lugar dos insatisfeitos. Quem está de pé quer sentar, quem está sentado quer outro lugar melhor. São horas da sua vida desperdiçadas por mais que você tente torná-las aproveitáveis. Tem os que lêem (sortudos sentados), os que ouvem música (trilha sonora de um filme em que nada acontece) e os que dormem (os mais talentosos conseguem fazer isso até de pé). Mas com certeza a atividade favorita para passar o tempo é fazer amizades novas. Afinal, todos ali têm algo em comum. A melancolia. Quando menos se espera um estranho vira pra você, bufa e reclama de alguma coisa. E é sua obrigação como trabalhador devolver uma reclamação ainda mais indignada, caso contrario você não merece estar ali. É um estranho no ninho. O alvo mais comum das reclamações é o motorista e sua lerdeza, mas por fim a culpa mor vai para a viação, aqueles “cheios da grana que não pensam no trabalhador” e não dão um jeito de melhorar o transporte público.
Assim, por mais de uma hora três ou mais pessoas revoltadas trocam injurias. No final se despedem sorrindo. “Foi um prazer te conhecer” e vão pra casa dormir cedo.
Quando se tira férias disso tudo todos querem ir a um lugar totalmente diferente do seu dia-a-dia e cometem a burrada de ir para o meio do mato e fingir que está gostando de todas picadas de mosquitos, noites mal dormidas e do calor. Levam a câmera digital, que conseguiram comprar economizando seis meses, ou seja, passando aperto por seis meses. E logo vão botar seu investimento pra funcionar. Mas como se tira foto no meio do mato? “Ah, sei lá! Fingi que tá contemplado a natureza!” Então o urbaninho vira de costas e abre os braços para a mãe natureza, mas mesmo tendo contas para pagar, datas para lembrar, matérias para decorar, tarefas a zelar, uma alergia para tratar, um namoro para administrar, sonhos para apagar, a natureza te grita de volta “Perca peso”.
E quando você está preste a largar tudo para ir morar no Sana, lhe falta aquele motivo para pirar. Domingo chega para aliviar e segunda para recomeçar.
E de um dia para o outro, conseguir economizar cinco reais na compra de um anti-séptico bocal e descobri que vai poder acordar mais tarde no dia seguinte, são as únicas coisas que consegue te pegar de surpresa e fazer o seu dia. Assim, corre para comprar uma agenda, almoça correndo, perde aula para resolver pepino e agüenta a hora do rush.
Ah! A hora do rush! Quando o transito anda a dez por hora os nervos ficam a mil. Por mais que isso seja comum, uma hora cansa. E imagine minha tristeza quando me dei conta que enfrentar uma viagem de ônibus em pé e espremido fazia agora parte da minha vida. Não mais era mais um simples universitário .
Pois bem, a hora do rush pode ser traduzida literalmente como uma hora de grande movimento, de pressa, de afobação. Talvez por isso quem deixe pra ir pra casa mais tarde vive um happy hour. A minha hora do rush favorita sem dúvida é a volta para casa. Pois de manha muitas vezes as pessoas ainda nem acordaram direito, ficam até simpáticas de tanto sono. De noite não. A noite é um caos, um espetáculo! Aquele momento mágico em que as ruas se iluminam de luzes vermelhas (as do freio), de gritaria, de movimentação (ou a falta dele). Quando chove então tudo se compara ao penteado que sua tia usava nos anos 80, engraçado de tão triste.
E o olho de furacão de tudo isso é com certeza um ônibus parado no meio da ponte Rio-Niterói. Lotado de pessoas, malas e crianças chorando. Não há muita opção. É encarar isso ou a as barcas e seus passageiros andando a passos mais curtos que o próprio pé e de cabeças baixas para entrar na embarcação. É a marcha dos condenados. Só falta as roupas listradas e as bolas de metal presas aos tornozelos.
De qualquer forma, o ônibus é o lugar dos insatisfeitos. Quem está de pé quer sentar, quem está sentado quer outro lugar melhor. São horas da sua vida desperdiçadas por mais que você tente torná-las aproveitáveis. Tem os que lêem (sortudos sentados), os que ouvem música (trilha sonora de um filme em que nada acontece) e os que dormem (os mais talentosos conseguem fazer isso até de pé). Mas com certeza a atividade favorita para passar o tempo é fazer amizades novas. Afinal, todos ali têm algo em comum. A melancolia. Quando menos se espera um estranho vira pra você, bufa e reclama de alguma coisa. E é sua obrigação como trabalhador devolver uma reclamação ainda mais indignada, caso contrario você não merece estar ali. É um estranho no ninho. O alvo mais comum das reclamações é o motorista e sua lerdeza, mas por fim a culpa mor vai para a viação, aqueles “cheios da grana que não pensam no trabalhador” e não dão um jeito de melhorar o transporte público.
Assim, por mais de uma hora três ou mais pessoas revoltadas trocam injurias. No final se despedem sorrindo. “Foi um prazer te conhecer” e vão pra casa dormir cedo.
Quando se tira férias disso tudo todos querem ir a um lugar totalmente diferente do seu dia-a-dia e cometem a burrada de ir para o meio do mato e fingir que está gostando de todas picadas de mosquitos, noites mal dormidas e do calor. Levam a câmera digital, que conseguiram comprar economizando seis meses, ou seja, passando aperto por seis meses. E logo vão botar seu investimento pra funcionar. Mas como se tira foto no meio do mato? “Ah, sei lá! Fingi que tá contemplado a natureza!” Então o urbaninho vira de costas e abre os braços para a mãe natureza, mas mesmo tendo contas para pagar, datas para lembrar, matérias para decorar, tarefas a zelar, uma alergia para tratar, um namoro para administrar, sonhos para apagar, a natureza te grita de volta “Perca peso”.
E quando você está preste a largar tudo para ir morar no Sana, lhe falta aquele motivo para pirar. Domingo chega para aliviar e segunda para recomeçar.
Jefferson Rocha
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