domingo, 27 de setembro de 2009

Gente boa

Todos os Pedros que eu conheço são inteligentes e educadas. Os Gabriéis costumam ser confiáveis. Já os Rafaéis geralmente são divertidos. Quando me apresentam a uma pessoa pergunto logo o nome para tentar descrever seu perfil. Pode parecer neurose, mas para mim é como se o nome já definisse se eu vou me dar bem com a pessoa ou não. Costumo ter boas relações com Leandros e Caios. Dos Ricardos não gosto nem de chegar perto.

Certa vez conheci um Augusto, e aí está um nome que eu não sabia definir as suas características. Talvez porque esse não seja mais um nome popular, era comum na época da minha mãe.

Augusto: do latim dignidade, majestática, sagrado, sublime. Este foi o significado que eu encontrei na internet, mas na verdade, fiquei ainda mais confusa, afinal como seria uma pessoa sublime? Aquilo me deixava muito intrigada. Era a primeira vez que eu não conseguia traçar o perfil de uma pessoa pelo nome.

O jeito era me aproximar e ver o que acontecia. O Augusto fazia aulas de espanhol comigo e era o único homem, em uma sala com mais dez mulheres. Logo na segunda aula, quando a professora perguntou quem podia distribuir as folhas com um exercício, Augusto levantou os braços, como um fã da Cláudia Leitte durante um show, e gritou que faria aquilo com muito prazer. Prazer? Como alguém pode ter tanto prazer em distribuir um papel?

Os dias passavam e Augusto continuava indecifrável. Ele carregava as pastas de todas as meninas, corria para abrir a porta para a professora, sempre queria ler os textos da aula e até ajuda no dever de casa ele oferecia, mesmo sem conhecer ninguém direito. Quando você pensava: preciso de uma borracha! Lá estava Augusto com uma na mão para te oferecer.

Augusto era a pessoa mais prestativa que eu havia conhecido na vida. E aquilo em alguns momentos era chato. Às vezes você não precisava e não queria absolutamente nada, mas ele te oferecia um chiclete, perguntava o que você tinha comido no almoço.

Depois de um semestre tentando encontrar uma característica para o nome Augusto, cheguei a uma conclusão. Como não havia pensado nisso antes? Augusto era simplesmente “gente boa”. Todo mundo já conheceu pelo menos uma pessoa “gente boa” na vida. Vou explicar a expressão, porque muita gente pode não estar entendendo o que eu quero dizer com ela. “Gente boa” é aquela pessoa que não é sua amiga, às vezes nem sua colega, mas é prestativa, educada e um pouco chata. Augusto era exatamente assim. Ainda não sei se gosto das pessoas com esta característica.


Mel

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