"Pêlos são apêndices filiformes de origem dérmica e formados por queratina, que revestem a pele dos mamíferos, fornecendo-lhes proteção contra as diferenças de temperatura. Ou, tão-só, são hastes queratinizadas formadas pelo folículo piloso, lubrificadas por uma substância chamada sebo, produzidas pelas glândulas sebáceas. Sua espessura é a mais variada possível: varia de alguns centésimos de milímetros até 0,03 mm (nas barbas e sobrancelhas)."
Faz um tempo já que chegou, às terras brasileiras, uma modinha que tem afetado desde mocinhas até mesmo as exuberantes afilhadas de Balzac. Não imagino ao certo por que motivo ou influência, de uns tempos pra cá, entre tantas outras bobagens estéticas, as meninas começaram uma luta ferrenha contra seus pobres e adoráveis cachos púbicos. Para felicidade geral da nação de esteticistas e depiladoras, os tão sonhados e admirados ninhos vêm sendo devastados com o avanço da cultura estética imperialista no meio (literalmente) de nossas meninas. Já ouvi falar que esse tipo de “corte” é muito comum na parte norte do nosso continente americano, por exemplo. Mesmo assim, me sinto na obrigação de iniciar aqui uma campanha pela beleza de nossa gente e tradição. Não suporto a idéia de que, daqui a alguns anos, esteja deitado numa cama ao lado de meu companheiro nicotinoso recordando de saudosas sensações que podem não mais existir, como as provocadas por Sônia Braga encarnada na melhor lascívia inocente de Gabriela e pelo banho de piscina, “em pêlo”, de Claudia Raia no horário nobre em Deus nos Acuda. Sem contar os inesquecíveis ensaios de Cláudia Ohana e Vera Fischer para a Playboy.
"É mais uma desgraça da modernidade!”, compartilhou meu guru amoroso e barbeiro, Joca, no alto dos seus 68 anos de vivência e maturidade. Não satisfeito, com a delicadeza que lhe é usual, o sábio senhor prosseguiu: “Porra! Como se não bastasse essas viadagens de homem que raspa o peito e faz a sobrancelha, agora mulher não gosta mais de pêlo. Daqui a pouco, você vai pra cama com a mulher e vai parecer que ta trepando com um desses manequins de loja”.
Como não poderia deixar de ser, meu parceiro de sueca está certo mais uma vez. O que seremos de nós, pobres adoradores da graça feminina se não tivermos mais nossa almofadinha macia pra recostar a cabeça depois de um dia difícil? Onde recordaremos perfume de nossas noites homéricas? Qual será a graça dos novos mancebos no esperado momento em que suas mãos, ainda trêmulas, conseguirem alcançar o interior das calças e saias femininas? O que será do prazer de sentir os dedos perdidos no emaranhado de cachos? E as brincadeiras? Os bigodinhos de Hitler, os corações, as fechaduras e toda a diversão proporcionada pela surpresa de arrancar a calcinha com os dentes?
Algumas dessas gazelas-pós-modernas-super-antenadas ainda nos querem convencer de que é mais higiênico. Não entendem elas que não falamos de um processo cirúrgico. Falamos do gosto, do cheiro, do suor, do orgânico, do tesão, de vida! Não se trata de unhas ou sobrancelhas. O bom sujeito pode até se sentir constrangido ao se deparar, no meio de seu ímpeto libidinoso e carnal, com aquela criatura (porque algumas parecem ter vida própria, independente da dona) desprotegida, à mercê dos perigos da vida, pronta pra pegar uma gripe com a primeira brisa da madrugada. Nem mesmo as gloriosas “série rosa” deveriam ousar um visual tão radical.
Gozozos de todo mundo, uni-vos! Pelo fim de uma vida sem pêlos, asseada, fria e sem tesão! Pela volta dos cabelos embolados, pela volta do pentelhinho da parceira misturado nos nossos, pela volta do cheiro de foda! Pela volta da mulher de verdade, da carne, e pelo fim dos manequins de shopping!
Faz um tempo já que chegou, às terras brasileiras, uma modinha que tem afetado desde mocinhas até mesmo as exuberantes afilhadas de Balzac. Não imagino ao certo por que motivo ou influência, de uns tempos pra cá, entre tantas outras bobagens estéticas, as meninas começaram uma luta ferrenha contra seus pobres e adoráveis cachos púbicos. Para felicidade geral da nação de esteticistas e depiladoras, os tão sonhados e admirados ninhos vêm sendo devastados com o avanço da cultura estética imperialista no meio (literalmente) de nossas meninas. Já ouvi falar que esse tipo de “corte” é muito comum na parte norte do nosso continente americano, por exemplo. Mesmo assim, me sinto na obrigação de iniciar aqui uma campanha pela beleza de nossa gente e tradição. Não suporto a idéia de que, daqui a alguns anos, esteja deitado numa cama ao lado de meu companheiro nicotinoso recordando de saudosas sensações que podem não mais existir, como as provocadas por Sônia Braga encarnada na melhor lascívia inocente de Gabriela e pelo banho de piscina, “em pêlo”, de Claudia Raia no horário nobre em Deus nos Acuda. Sem contar os inesquecíveis ensaios de Cláudia Ohana e Vera Fischer para a Playboy.
"É mais uma desgraça da modernidade!”, compartilhou meu guru amoroso e barbeiro, Joca, no alto dos seus 68 anos de vivência e maturidade. Não satisfeito, com a delicadeza que lhe é usual, o sábio senhor prosseguiu: “Porra! Como se não bastasse essas viadagens de homem que raspa o peito e faz a sobrancelha, agora mulher não gosta mais de pêlo. Daqui a pouco, você vai pra cama com a mulher e vai parecer que ta trepando com um desses manequins de loja”.
Como não poderia deixar de ser, meu parceiro de sueca está certo mais uma vez. O que seremos de nós, pobres adoradores da graça feminina se não tivermos mais nossa almofadinha macia pra recostar a cabeça depois de um dia difícil? Onde recordaremos perfume de nossas noites homéricas? Qual será a graça dos novos mancebos no esperado momento em que suas mãos, ainda trêmulas, conseguirem alcançar o interior das calças e saias femininas? O que será do prazer de sentir os dedos perdidos no emaranhado de cachos? E as brincadeiras? Os bigodinhos de Hitler, os corações, as fechaduras e toda a diversão proporcionada pela surpresa de arrancar a calcinha com os dentes?
Algumas dessas gazelas-pós-modernas-super-antenadas ainda nos querem convencer de que é mais higiênico. Não entendem elas que não falamos de um processo cirúrgico. Falamos do gosto, do cheiro, do suor, do orgânico, do tesão, de vida! Não se trata de unhas ou sobrancelhas. O bom sujeito pode até se sentir constrangido ao se deparar, no meio de seu ímpeto libidinoso e carnal, com aquela criatura (porque algumas parecem ter vida própria, independente da dona) desprotegida, à mercê dos perigos da vida, pronta pra pegar uma gripe com a primeira brisa da madrugada. Nem mesmo as gloriosas “série rosa” deveriam ousar um visual tão radical.
Gozozos de todo mundo, uni-vos! Pelo fim de uma vida sem pêlos, asseada, fria e sem tesão! Pela volta dos cabelos embolados, pela volta do pentelhinho da parceira misturado nos nossos, pela volta do cheiro de foda! Pela volta da mulher de verdade, da carne, e pelo fim dos manequins de shopping!
Zé Caruso
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