Segunda-feira. Ela acorda cedo para trabalhar. Trabalha longe, não quer pegar o trânsito caótico do Rio de Janeiro. Levanta, toma banho, toma café, segue a rotina. OPA! Tem que lavar a roupa da semana. Mas como, se ela vai ficar o dia inteiro na rua? Não, ela não vai passear – quem dera – mas trabalhar para sustentar a casa. Coloca a roupa na máquina de lavar e sai correndo, antes que comece aquele engarrafamento sem fim. Passa o dia trabalhando. Quando chega em casa é só deixar a máquina fazer o seu trabalho enquanto ela faz a comida e tenta – mas não consegue – relaxar. A máquina terminou. Hora de estender a roupa no varal. O jantar é o momento para conversar com a família ou com quem estiver em casa nessa hora. Deita no sofá para esperar os filhos chegarem, mas não agüenta e acaba cochilando. O cansaço não permite que ela faça muita coisa depois que eles chegam: ela só consegue tomar banho e desmaiar na cama. É melhor dormir porque amanhã é…
Terça-feira. Mais um dia de trabalho. Mais um dia para acordar cedo. Mais um dia para lavar roupa. Mais um dia de rotina. A terça passa igualzinha a segunda-feira.
Quarta-feira. Último dia de trabalho. Ela trabalha três dias na semana, mas o ritmo de um hospital é diferente. O paciente não tem hora para passar mal. E se ele resolve ter um ataque na hora da saída, ela tem que voltar, atender e esperar até que ele se recupere. Não tem hora para sair. Só para chegar. Para a sorte dela o marido resolveu chegar mais cedo em casa – ocasião rara – e preparar o jantar da família. Não é nada muito elaborado, mas aquela comidinha de sempre, sem inventar muito, afinal preparar o jantar é obrigação da mulher. Ele só fez isso porque ficou com pena dela, por ter trabalhado o dia todo. Ela aproveita esse tempo “livre” para assistir televisão.Mas que novela é essa mesmo? Faz tanto tempo que ela não vê que nem sabe mais sobre a história de amor e as tramas da novela. Ela constata que o dia foi longo e cansativo. Finalmente é hora de dormir.
Quinta-feira. Hoje ela pode acordar mais tarde. Mas não pode dormir mais que a cama. A roupa tem que ser passada. A roupa da semana inteira. E lá se foi o dia. Ela queria estudar ainda hoje, mas não dá tempo porque tem que preparar o jantar. Depois do jantar ela consegue relaxar. Os filhos ainda não chegaram e ela vai esperar por eles. Enquanto isso deita no sofá e acaba cochilando. Ela está tão cansada. Mais cansada do que nos dias que vai trabalhar no hospital. Ser dona de casa cansa mais que trabalhar fora!
Sexta-feira. Hoje é o dia de não ter trabalho. Ela tenta estudar um pouco, mas tem sempre alguma coisa para fazer. Além disso, o telefone não para de tocar e ela não consegue se concentrar. Ainda tem a diarista que vai limpar a casa – esse é um dos poucos luxos permitidos, alguém para limpar sua casa. Ela tem que dar instruções e ver se o serviço está sendo bem feito. Afinal de que adianta contratar alguém para fazer um serviço que não vai agradá-la? Hora de ir para o salão fazer as unhas, afinal de contas amanhã é…
Sábado. Dia de sair com a família (ou, pelo menos com o marido) para relaxar, espairecer, ver gente nova, conhecer um restaurante novo, tomar um chope no restaurante do bairro… Qualquer coisa, contanto que ela consiga sair de casa para se divertir. Mas os filhos não estão em casa – “Jovens nunca param em casa”. O marido não quer sair – “Pra quê? Fica em casa mesmo que é mais barato.” Não tem jeito. Apesar de contrariada, eles acabam ficando em casa.
Domingo. Último dia do fim de semana. Dia de almoço em família. Mas para ela não dá. Ela tentou estudar a semana inteira – sem sucesso algum – porque no domingo (justamente no domingo!) ela faz curso. O curso é longe de casa (porque é mais barato) e ela tem que acordar cedo. Fica o dia todo estudando. Quando chega em casa está exausta. Só tem forças para comer alguma coisa rápida e leve e tomar banho. Dorme cedo, afinal amanhã é…
Segunda-feira. Ela acorda cedo para trabalhar.
E começar tudo de novo.
Mônica Sampaio
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