É fato, já diagnosticado e comprovado. O mais importante das nossas vidas é com quem iremos nos casar. Nem adianta dizer que é a profissão. Porque não é. Quantos filmes você vê sobre pessoas que estão indecisas entre serem médicos ou artista plástico? Agora me conta quantos falam sobre encontrar a pessoa certa para se viver feliz para sempre? Então, a gente sabe que a vida real não é bem assim. Mas a ficção é o processo catártico dos nossos desejos. Não são apenas as mulheres que dão suspiros na frente da tela entre os beijos apaixonados de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet . Tudo bem, não é exatamente suspiro que os homens dão ao verem Scarlet Johanson se pegando com a Penélope Cruz, mas eles também têm seus sonhos românticos.
Existe uma coisa, que podem ter certeza, todos nós vamos ter durante a vida, e não é catapora, nem gripe. É a frustração amorosa. Quem nunca se apaixonou pela vizinha gostosona e tudo que conseguiu foi um “Bom dia!”, ou então, pelo professor do colégio e tudo que recebeu foi um “Muito bom”, por você ter respondido certo a questão. Bem é uma condição geral, nascemos, crescemos e temos correr para encontrar o ator principal da nossa história.
Tudo começa na infância, quando aprendemos que não existe amizade entre sexos diferentes. Pois, estamos brincando com um amiguinho, e nossos pais já começam com a ladainha: “Ohn... Olha o namoradinho dela, que bonitinho e blá, blá, blá...”. Assim, a gente começa a detestar os garotos, apenas para não passar por aquela pagação de mico. Mas a gente cresce e ocorre o inverso. Nossos pais afastam qualquer possibilidade de namoro até os 18 anos. Portanto, tenho a tese que a nossa vida, basicamente, consiste em nascer, sofrer, e se desesperar até conseguir um casamento. Estudos, trabalhos são apenas laboratório para aparecer bem na tela ao lado de um bonitão. No meu caso... Bem, terei que exemplificar por meio da minha história para vocês terem certeza que esta não é apenas uma hipótese, mas uma verdade comprovada cientificamente.
O percurso em busca do ator perfeito começa cedo. A gente passa a maior parte da nossa vida em papéis ridículos e contracenando com vários coadjuvantes. Ganhei o meu primeiro papel aos dez anos. Eu estava sentada na portaria do colégio, esperando o meu pai me buscar, quando o avistei. Cabelo em corte assa delta, pele branca e uma pinta do lado direito do lábio superior. Essas foram informações suficientes para eu me apaixonar perdidamente em segundos. Naquele dia, ao chegar em casa, corri para o meu diário e escrevi: “Não sei nada sobre ele, nome, idade ou endereço, mas estou completamente apaixonada pelo menino da pinta do lado direito do lábio superior”. E pronto, assim ficou registrado o começo da minha primeira e devastadora paixão. Que realmente devastou as minhas notas na escola, pois o dia que não estava sonhando acordada, eu passava o tempo tentando descobrir coisas sobre o tal rapazinho.
Primeiro comecei a segui-lo depois do recreio. Depois montei guarda onde colocavam as cadernetas, para descobrir a identidade da criatura que dominava as folhas do meu diário: “Eu amo o menino da pinta do lado direito do lábio superior. Eu amo o menino da pinta do lado direito do lábio superior,...”. Todo dia o inspetor olhava pra mim desconfiado e eu sorria. Às vezes, ele me olhava com as sobrancelhas já franzidas e eu dava sorrisinho bege. Roubar uma caderneta é como assaltar um condomínio fechado na Barra. Como atravessar a mesa de carimbos do inspetor? Um dia tive uma idéia. Fingi que ia amarrar o tênis e apoiei o pé em baixo da mesa e a forcei para o meu lado. Ela não se moveu. Coloquei mais força. Ela sacolejou. Saco! Meti a mão e virei tudo de uma vez no chão. Páááá. Inclusive, virei junto. Caderneta para todo lado, um inspetor furioso, e alunos rindo muito alto. Não me importei, afinal, era uma prova de amor. E eu consegui! Entre milhares de fotinhas de rostos feios no chão, lá estava a dele.
Agapito? Agapito Leite Troina Neto. 10 de agosto de 1976. Rua General Domiciliano Ramos, 171, Pau Ferro. Telefone: 2250.6969. Filiação... a caderneta voou da minha mão no momento em que eu ia anotar o nome da minha futura sogra. Fui mandada para sala de aula. Por que o indivíduo tinha que se chamar Agapito? Existe tanto nome bonito. Sempre sonhei em me apaixonar por Paulo ou Raul. Logo, as pessoas souberam da minha platônica paixão. Óbvio que as piadinhas surgiram, era: “fulaninha gosta de agarrar pinto” pra lá, “fulaninha gosta de leite do pinto” pra cá. Nome infeliz. Foram meses de embromação, eu morria de vergonha que ele soubesse que eu o namorava escondido. Mas, vocês se lembram da época de colégio, né? Ele ficou sabendo e tacou um baldo de granizo na minha cabeça. Palavras como pirralha, feia e sem peito ressoam na minha memória até hoje. Crianças são tão cruéis. Não acredito que levei um fora de alguém chamado Agapito. Terminou com muitas lágrimas e frases no meu diário, caderno e agenda: “Por que ele não me ama?”. A vida seguiu.
Não vou contar de cada frustração amorosa e pés na bunda que eu levei. Isso daria um filme de Woody Allen. Passei cinco anos sem querer saber do sexo aposto. Até que me apresentaram um roteiro muito interessante, não teve como recusar. Sinopse: Professor e aluna. Ele manda mensagens românticas, flores, telefonemas no meio da tarde, milhares de elogios e tudo para ganhar apenas um beijo. Você, a mocinha encantada, acredita que é irresistível e cede. Qual é a próxima cena? Você descobre que ele tem outra namorada. Há três anos. E no dia do aniversário dele, que ele quis passar com a família e não pode lhe ver, eles estavam viajando juntos. Final feliz: Eles se casam e você tem toda vida pela frente. Mais choros e postagens depressivas no blog.
Passamos por muitos coadjuvantes durante a história. Um deles era um cara que me amava desesperadamente, lambia meus pés, fazia o que eu mandava, me dava presentes a cada semana e metade do salário dele era direcionado a mim. Conclusão, eu o achava um panaca sem personalidade, o trai, e terminei com ele no nosso aniversário de seis meses de namoro. Comecei a sair com outro. Este não confiava em mim, não me pagava nada, reclama quando eu deixava de pintar as unhas e até de um fio desarrumado do meu cabelo. Uma espinha na testa! Me apaixonei perdidamente. Ele me chamava de egoísta, eu dizia que ele era um “cabeça-dura”. Ele trabalhava o dia inteiro e eu vivia nas chopadas da faculdade. Portanto, em seis meses, seis términos. Por fim, ele me trocou por uma mulher dez anos mais velha, engenheira e rica.
Nada mais de relacionamentos sérios e a minha idade aumentando. Minha mãe me mandava arrumar um homem. Eu comecei a olhar minha lista do MSN atrás de algum atrativo esquecido dos tempos da escola, nada. Lista do Orkut, entre mais de 500 pessoas, todos os coleguinhas bonitinhos tinham pendurado no pescoço uma patricinha com franjinha no cabelo. Frequentei boates e boates. Essa foi a época dos figurantes, você acaba aceitando qualquer papel, porque você não tem mais unhas e seu cabelo está caindo. Eles até ligavam no dia seguinte e marcávamos alguma coisa para o próximo fim de semana. Mas logo se perdia o interesse. Eu não ligava por orgulho. Eles não ligavam por que viam que não ia me levar para cama no terceiro, nem no quarto, nem no quinto encontro. Minha mãe já dizia: Quer arrumar namorado em festa? Só em festa de família. Na night, as pessoas só querem refeição para uma noite e a self-service.
Existe tempo pra tudo. Há tempo para você esnobar e o tempo de aceitar qualquer coisa que aparecer. Infelizmente para os homens as regras funcionam diferentes. Aos trinta anos estamos acabadas. Somos olhadas numa boate como espécie de animal nocivo e em extinção. Na igreja somos julgadas como beata contra a vontade de Deus. Como não crescestes e multiplicastes, mulher? A sociedade te vê como a mal amada ou semelhantes piores. Ou vai dizer que você nunca ouviu dizerem que tal professora é um carrasco por falta de homem? Hein? Sabe por quê? Pois desde pequenas aprendemos a encenar fazendo comidinha e a cuidando da casa e dos bonequinhos. Então, nunca conseguiremos o Oscar sem alguém para contracenar essas cenas. Conclusão geral: Não há saída, na verdade, todo mundo quer um homem para chamar de seu.
Existe uma coisa, que podem ter certeza, todos nós vamos ter durante a vida, e não é catapora, nem gripe. É a frustração amorosa. Quem nunca se apaixonou pela vizinha gostosona e tudo que conseguiu foi um “Bom dia!”, ou então, pelo professor do colégio e tudo que recebeu foi um “Muito bom”, por você ter respondido certo a questão. Bem é uma condição geral, nascemos, crescemos e temos correr para encontrar o ator principal da nossa história.
Tudo começa na infância, quando aprendemos que não existe amizade entre sexos diferentes. Pois, estamos brincando com um amiguinho, e nossos pais já começam com a ladainha: “Ohn... Olha o namoradinho dela, que bonitinho e blá, blá, blá...”. Assim, a gente começa a detestar os garotos, apenas para não passar por aquela pagação de mico. Mas a gente cresce e ocorre o inverso. Nossos pais afastam qualquer possibilidade de namoro até os 18 anos. Portanto, tenho a tese que a nossa vida, basicamente, consiste em nascer, sofrer, e se desesperar até conseguir um casamento. Estudos, trabalhos são apenas laboratório para aparecer bem na tela ao lado de um bonitão. No meu caso... Bem, terei que exemplificar por meio da minha história para vocês terem certeza que esta não é apenas uma hipótese, mas uma verdade comprovada cientificamente.
O percurso em busca do ator perfeito começa cedo. A gente passa a maior parte da nossa vida em papéis ridículos e contracenando com vários coadjuvantes. Ganhei o meu primeiro papel aos dez anos. Eu estava sentada na portaria do colégio, esperando o meu pai me buscar, quando o avistei. Cabelo em corte assa delta, pele branca e uma pinta do lado direito do lábio superior. Essas foram informações suficientes para eu me apaixonar perdidamente em segundos. Naquele dia, ao chegar em casa, corri para o meu diário e escrevi: “Não sei nada sobre ele, nome, idade ou endereço, mas estou completamente apaixonada pelo menino da pinta do lado direito do lábio superior”. E pronto, assim ficou registrado o começo da minha primeira e devastadora paixão. Que realmente devastou as minhas notas na escola, pois o dia que não estava sonhando acordada, eu passava o tempo tentando descobrir coisas sobre o tal rapazinho.
Primeiro comecei a segui-lo depois do recreio. Depois montei guarda onde colocavam as cadernetas, para descobrir a identidade da criatura que dominava as folhas do meu diário: “Eu amo o menino da pinta do lado direito do lábio superior. Eu amo o menino da pinta do lado direito do lábio superior,...”. Todo dia o inspetor olhava pra mim desconfiado e eu sorria. Às vezes, ele me olhava com as sobrancelhas já franzidas e eu dava sorrisinho bege. Roubar uma caderneta é como assaltar um condomínio fechado na Barra. Como atravessar a mesa de carimbos do inspetor? Um dia tive uma idéia. Fingi que ia amarrar o tênis e apoiei o pé em baixo da mesa e a forcei para o meu lado. Ela não se moveu. Coloquei mais força. Ela sacolejou. Saco! Meti a mão e virei tudo de uma vez no chão. Páááá. Inclusive, virei junto. Caderneta para todo lado, um inspetor furioso, e alunos rindo muito alto. Não me importei, afinal, era uma prova de amor. E eu consegui! Entre milhares de fotinhas de rostos feios no chão, lá estava a dele.
Agapito? Agapito Leite Troina Neto. 10 de agosto de 1976. Rua General Domiciliano Ramos, 171, Pau Ferro. Telefone: 2250.6969. Filiação... a caderneta voou da minha mão no momento em que eu ia anotar o nome da minha futura sogra. Fui mandada para sala de aula. Por que o indivíduo tinha que se chamar Agapito? Existe tanto nome bonito. Sempre sonhei em me apaixonar por Paulo ou Raul. Logo, as pessoas souberam da minha platônica paixão. Óbvio que as piadinhas surgiram, era: “fulaninha gosta de agarrar pinto” pra lá, “fulaninha gosta de leite do pinto” pra cá. Nome infeliz. Foram meses de embromação, eu morria de vergonha que ele soubesse que eu o namorava escondido. Mas, vocês se lembram da época de colégio, né? Ele ficou sabendo e tacou um baldo de granizo na minha cabeça. Palavras como pirralha, feia e sem peito ressoam na minha memória até hoje. Crianças são tão cruéis. Não acredito que levei um fora de alguém chamado Agapito. Terminou com muitas lágrimas e frases no meu diário, caderno e agenda: “Por que ele não me ama?”. A vida seguiu.
Não vou contar de cada frustração amorosa e pés na bunda que eu levei. Isso daria um filme de Woody Allen. Passei cinco anos sem querer saber do sexo aposto. Até que me apresentaram um roteiro muito interessante, não teve como recusar. Sinopse: Professor e aluna. Ele manda mensagens românticas, flores, telefonemas no meio da tarde, milhares de elogios e tudo para ganhar apenas um beijo. Você, a mocinha encantada, acredita que é irresistível e cede. Qual é a próxima cena? Você descobre que ele tem outra namorada. Há três anos. E no dia do aniversário dele, que ele quis passar com a família e não pode lhe ver, eles estavam viajando juntos. Final feliz: Eles se casam e você tem toda vida pela frente. Mais choros e postagens depressivas no blog.
Passamos por muitos coadjuvantes durante a história. Um deles era um cara que me amava desesperadamente, lambia meus pés, fazia o que eu mandava, me dava presentes a cada semana e metade do salário dele era direcionado a mim. Conclusão, eu o achava um panaca sem personalidade, o trai, e terminei com ele no nosso aniversário de seis meses de namoro. Comecei a sair com outro. Este não confiava em mim, não me pagava nada, reclama quando eu deixava de pintar as unhas e até de um fio desarrumado do meu cabelo. Uma espinha na testa! Me apaixonei perdidamente. Ele me chamava de egoísta, eu dizia que ele era um “cabeça-dura”. Ele trabalhava o dia inteiro e eu vivia nas chopadas da faculdade. Portanto, em seis meses, seis términos. Por fim, ele me trocou por uma mulher dez anos mais velha, engenheira e rica.
Nada mais de relacionamentos sérios e a minha idade aumentando. Minha mãe me mandava arrumar um homem. Eu comecei a olhar minha lista do MSN atrás de algum atrativo esquecido dos tempos da escola, nada. Lista do Orkut, entre mais de 500 pessoas, todos os coleguinhas bonitinhos tinham pendurado no pescoço uma patricinha com franjinha no cabelo. Frequentei boates e boates. Essa foi a época dos figurantes, você acaba aceitando qualquer papel, porque você não tem mais unhas e seu cabelo está caindo. Eles até ligavam no dia seguinte e marcávamos alguma coisa para o próximo fim de semana. Mas logo se perdia o interesse. Eu não ligava por orgulho. Eles não ligavam por que viam que não ia me levar para cama no terceiro, nem no quarto, nem no quinto encontro. Minha mãe já dizia: Quer arrumar namorado em festa? Só em festa de família. Na night, as pessoas só querem refeição para uma noite e a self-service.
Existe tempo pra tudo. Há tempo para você esnobar e o tempo de aceitar qualquer coisa que aparecer. Infelizmente para os homens as regras funcionam diferentes. Aos trinta anos estamos acabadas. Somos olhadas numa boate como espécie de animal nocivo e em extinção. Na igreja somos julgadas como beata contra a vontade de Deus. Como não crescestes e multiplicastes, mulher? A sociedade te vê como a mal amada ou semelhantes piores. Ou vai dizer que você nunca ouviu dizerem que tal professora é um carrasco por falta de homem? Hein? Sabe por quê? Pois desde pequenas aprendemos a encenar fazendo comidinha e a cuidando da casa e dos bonequinhos. Então, nunca conseguiremos o Oscar sem alguém para contracenar essas cenas. Conclusão geral: Não há saída, na verdade, todo mundo quer um homem para chamar de seu.
Raposa do Pequeno Príncipe
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