Um prazer que tenho na minha vida é observar as pessoas. É impressionante como são tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo. E um lugar onde várias dessas pessoas se encontram é o ônibus. Realmente, os transportes coletivos em geral são, no mínimo, estranhos. Pessoas que nunca se viram na vida se aglomeram e passam horas juntas (tudo bem que podem ser minutos, mas eu gosto dos extremos) sem nunca terem se visto na vida, e sem trocar nenhuma palavra. Acho que uma sensação bem parecida de quando você está no ônibus é a de quando você está em um elevador. No momento em que pisa ao momento em que as portas se abrem e você sai, a sensação de desconforto está presente, você fica olhando para a cara das pessoas e não tem nada para falar, às vezes solta um sorriso só para se mostrar mais simpático, mas não passa disso. No ônibus idem, mas essa sensação dura muito mais tempo e, além disso, entrar e sair do ônibus se mostra muitas vezes como uma tarefa difícil.
Primeira fase: entrar no ônibus. Quando você chega no ponto de ônibus já começa a tortura. É bem comum ter linhas que demoram muito a passar, e outras que passam um ônibus de cinco em cinco minutos e entram três pessoas. E justamente as linhas que demoram a passar são sempre as mais requisitadas. Você fica prestando atenção no horizonte e vê que lá atrás o seu ônibus está vindo (sempre, é claro, em alta velocidade). Você se prepara para fazer o sinal e tenta ficar em um lugar estratégico para ser a primeira a entrar. O ônibus para, todos correm para a porta, e sonham com um lindo lugar para sentar. Já na entrada, acontece aquele típico empurra-empurra, ordenado pelo motorista que quer fechar a porta e dar a partida, No arranque muitas pessoas voam, e quase caem, por mais trágico que pareça, isso já é normal. Passado o trocador vem a próxima fase. E detalhe, algumas vezes pode ser que você não consiga passar da primeira fase, já que o ônibus pode estar lotado e o motorista falar que não dá para subir mais ninguém, ou então, quando você avista o ônibus no horizonte e ele faz uma manobra espetacular cortando todos os ônibus que estão parados no ponto, e passa ignorando o seu sinal. É, realmente, nessa hora a raiva é tão grande que vale xingar o motorista e todas as pessoas do mundo.
Segunda fase: conseguir um lugar para sentar. Embora essa fase tenha controvérsias, eu ainda acredito que sentar é sempre melhor do que ficar de pé. Quando você passa do trocador e acha um lugar, é melhor sentar logo, pois se você pensar um pouco alguém pode roubar o seu lugar. Também, pode acontecer de o ônibus estar vazio e você poder escolher entre a janela ou o corredor. Essa duvida muitas vezes é cruel. Sentar na janela é bom, porque se você der aquela cochilada pode apoiar a cabeça na janela, mas é ruim porque o medo de ser assaltado é maior, já que agora nem é preciso entrar no ônibus para assaltar. O assaltante pode fazer isso pela janela é só aproveitar quando o ônibus fica um tempo maior parado no ponto e abordar o passageiro distraído apoiado na janela. Ótimo não?! Já sentar no corredor é bom porque os riscos de ser assaltado são menores, mas é ruim porque normalmente a pessoa que der aquela cochilada do seu lado pode usar seu ombro de travesseiro. E quando o ônibus fica cheio você acaba servindo de porta-mochila, porta-pasta e porta-bolsa das pessoas que estão no corredor. Além disso, pode acontecer de entrarem no ônibus idosos e gestantes, ou adultos com criança no colo. Nessa hora, os passageiros se entre olham para ver quem vai tomar a iniciativa. Demora um tempo, mas sempre alguém levanta. Ufa, não foi você. Nessa fase, pode ser que você não consiga sentar, mas mesmo ficar em pé em algumas linhas pode ser considerar uma vitória, não desanime e siga para a próxima fase.
Terceira fase: coisas para se fazer durante a viagem. Essa fase tem uma explicação curta, mas com certeza é a mais demorada para o passageiro. Quando você está no ônibus é comum você passar algumas horas mudo, já que está acompanhado de estranhos. E se você começar a conversar com alguém do nada, a pessoa pode vir a ficar com medo de você, ou te achar um maluco, já que essa atitude é suspeita. Por essa e outras razões é sempre bom carregar com você alguma forma de entretenimento como, livros, jornais, um celular com fone de ouvido, ou algum aparelho de som. Quem consegue ler no ônibus é guerreiro, já que a velocidade sempre alta e as curvas bem mal feitas dificultam a leitura. E, além disso, quando você sai do ônibus percebe que leu apenas duas páginas. Ouvir musica é o melhor conselho, mas também, tem pessoas que perdem a noção. Ouvem a musica as alturas e ainda ficam cantando. Se você está lendo ao lado dessa pessoa, é melhor desistir na hora. A paz da viagem, também, pode ser quebrada pelos vendedores de mentos a um real, dois amendoins cinqüenta centavos, ou três jujubas a um real. Há, também, os que ajudam entidades carentes, de ex-drogados e de idosos e por ai vai. Pode contribuir com o que você tiver. Embora você saiba que essas pessoas estão aí, porque elas podiam estar matando ou podia estar roubando, só o que você queria era um pouco de silêncio, no mínimo apenas o barulho do motor.
Quarta fase: descer do ônibus. Seu ponto final está próximo a viagem está chegando ao fim, mas não pensa que terminou por aí. A última fase nem sempre é tão fácil como se pensa. Com o ônibus lotado, muitas vezes é necessário fazer barra para conseguir chegar até a porta, ou ir empurrando todo mundo e batendo a mochila na cara das pessoas. Que violência, não?! Se você ainda está na terceira fase em pé no corredor, com certeza você vai ser vitima da fúria e da impaciência da pessoa que está na quarta fase. Puxou a cordinha, desceu do ônibus. Ufa, acabou. E parabéns você venceu essa fase e todas as anteriores, você pode ser considerado um cidadão de uma cidade grande. Pena que a vitória dura pouco, e amanhã você deve retomar a primeira fase.
Primeira fase: entrar no ônibus. Quando você chega no ponto de ônibus já começa a tortura. É bem comum ter linhas que demoram muito a passar, e outras que passam um ônibus de cinco em cinco minutos e entram três pessoas. E justamente as linhas que demoram a passar são sempre as mais requisitadas. Você fica prestando atenção no horizonte e vê que lá atrás o seu ônibus está vindo (sempre, é claro, em alta velocidade). Você se prepara para fazer o sinal e tenta ficar em um lugar estratégico para ser a primeira a entrar. O ônibus para, todos correm para a porta, e sonham com um lindo lugar para sentar. Já na entrada, acontece aquele típico empurra-empurra, ordenado pelo motorista que quer fechar a porta e dar a partida, No arranque muitas pessoas voam, e quase caem, por mais trágico que pareça, isso já é normal. Passado o trocador vem a próxima fase. E detalhe, algumas vezes pode ser que você não consiga passar da primeira fase, já que o ônibus pode estar lotado e o motorista falar que não dá para subir mais ninguém, ou então, quando você avista o ônibus no horizonte e ele faz uma manobra espetacular cortando todos os ônibus que estão parados no ponto, e passa ignorando o seu sinal. É, realmente, nessa hora a raiva é tão grande que vale xingar o motorista e todas as pessoas do mundo.
Segunda fase: conseguir um lugar para sentar. Embora essa fase tenha controvérsias, eu ainda acredito que sentar é sempre melhor do que ficar de pé. Quando você passa do trocador e acha um lugar, é melhor sentar logo, pois se você pensar um pouco alguém pode roubar o seu lugar. Também, pode acontecer de o ônibus estar vazio e você poder escolher entre a janela ou o corredor. Essa duvida muitas vezes é cruel. Sentar na janela é bom, porque se você der aquela cochilada pode apoiar a cabeça na janela, mas é ruim porque o medo de ser assaltado é maior, já que agora nem é preciso entrar no ônibus para assaltar. O assaltante pode fazer isso pela janela é só aproveitar quando o ônibus fica um tempo maior parado no ponto e abordar o passageiro distraído apoiado na janela. Ótimo não?! Já sentar no corredor é bom porque os riscos de ser assaltado são menores, mas é ruim porque normalmente a pessoa que der aquela cochilada do seu lado pode usar seu ombro de travesseiro. E quando o ônibus fica cheio você acaba servindo de porta-mochila, porta-pasta e porta-bolsa das pessoas que estão no corredor. Além disso, pode acontecer de entrarem no ônibus idosos e gestantes, ou adultos com criança no colo. Nessa hora, os passageiros se entre olham para ver quem vai tomar a iniciativa. Demora um tempo, mas sempre alguém levanta. Ufa, não foi você. Nessa fase, pode ser que você não consiga sentar, mas mesmo ficar em pé em algumas linhas pode ser considerar uma vitória, não desanime e siga para a próxima fase.
Terceira fase: coisas para se fazer durante a viagem. Essa fase tem uma explicação curta, mas com certeza é a mais demorada para o passageiro. Quando você está no ônibus é comum você passar algumas horas mudo, já que está acompanhado de estranhos. E se você começar a conversar com alguém do nada, a pessoa pode vir a ficar com medo de você, ou te achar um maluco, já que essa atitude é suspeita. Por essa e outras razões é sempre bom carregar com você alguma forma de entretenimento como, livros, jornais, um celular com fone de ouvido, ou algum aparelho de som. Quem consegue ler no ônibus é guerreiro, já que a velocidade sempre alta e as curvas bem mal feitas dificultam a leitura. E, além disso, quando você sai do ônibus percebe que leu apenas duas páginas. Ouvir musica é o melhor conselho, mas também, tem pessoas que perdem a noção. Ouvem a musica as alturas e ainda ficam cantando. Se você está lendo ao lado dessa pessoa, é melhor desistir na hora. A paz da viagem, também, pode ser quebrada pelos vendedores de mentos a um real, dois amendoins cinqüenta centavos, ou três jujubas a um real. Há, também, os que ajudam entidades carentes, de ex-drogados e de idosos e por ai vai. Pode contribuir com o que você tiver. Embora você saiba que essas pessoas estão aí, porque elas podiam estar matando ou podia estar roubando, só o que você queria era um pouco de silêncio, no mínimo apenas o barulho do motor.
Quarta fase: descer do ônibus. Seu ponto final está próximo a viagem está chegando ao fim, mas não pensa que terminou por aí. A última fase nem sempre é tão fácil como se pensa. Com o ônibus lotado, muitas vezes é necessário fazer barra para conseguir chegar até a porta, ou ir empurrando todo mundo e batendo a mochila na cara das pessoas. Que violência, não?! Se você ainda está na terceira fase em pé no corredor, com certeza você vai ser vitima da fúria e da impaciência da pessoa que está na quarta fase. Puxou a cordinha, desceu do ônibus. Ufa, acabou. E parabéns você venceu essa fase e todas as anteriores, você pode ser considerado um cidadão de uma cidade grande. Pena que a vitória dura pouco, e amanhã você deve retomar a primeira fase.
Vivianne Medeiros
Nenhum comentário:
Postar um comentário