segunda-feira, 7 de setembro de 2009

O problema não é você, mas talvez seja

Tenho um amigo que sofre de disfunção erétil. Calma, não tenho. É que todo mundo diz que “tem um amigo” com tal problema para conseguir a resposta de algum drama pessoal sem ficar envergonhado, sentir o rosto esquentar e ter certeza das dezenas de dedos reprovadores – imaginários – pelas costas. Mas não posso dizer que é comigo, aquilo que não é. E eu realmente tenho um amigo com problemas, adivinhem, sentimentais. Óbvio!

Entramos no século XXI sem os jovens poetas tuberculosos e as musas pálidas (essas foram substituídas pelas turbinadas cheias de curvas estratégicas e volumes reveladores). Mas parece que por uma transmissão intrusa via Bluetooth as pessoas continuam se contaminando pelo indesejado amor. Todo mundo já deveria a ter aprendido a deixar seus “mecanismos de transmissão e recepção” desligados: isso só serve para consumir sua bateria mais rápido e te deixar vulnerável a toda sorte de “arquivos” (arquivos aqui com valor de “amores”) indesejados.

Um dia esse meu amigo – cara, não sou eu – estava numa festa e antes das três doses de vodka que a situação merecia, assim a seco, ele viu a sua ex num contato muito empolgado com um desconhecido. Aí ela estava lá, também recém-saída de uma desilusão amorosa. Eles se encontraram e uma semana depois já eram o antibiótico um do outro. O tipo de remédio a que o seu organismo vai se acostumando e você apela para a automedicação, aumenta as doses por conta própria tudo sem falar com seu médico. Depois ninguém pode vir reclamar dos efeitos colaterais. A musa do meu amigo era bipolar.

Por oito meses eles namoraram sem briga, sem ciúme, sem traição, sem desgaste. Depois disso ela terminou. Não era ele, não era ela, não era outro. Ela só não queria mais, pronto. Algumas semanas depois eles se reencontraram e, por sugestão dela, tentaram uma reaproximação. Na segunda, praia, na quarta, rodízio de japonês, na quinta, cinema, na sexta, bar e no sábado ela terminou tudo. Foram num aniversário e ela não falou nem uma palavra, não fez nem um carinho. Ele foi perguntar e ela disse que ele “poderia se poupar de certas coisas”.

Não tem desfecho, eu ainda gasto cerca de duas horas diárias consolando esse amigo. Entre tantas metáforas intrincadas eu diria que são os efeitos colaterais do Bluetooth ativado. Pode ser bom ou pode ser ruim, mas um dia desses no Cinemark eu recebi no celular o trailer de “Se beber, não case”, e foi bom.


Srta. Bones I

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