terça-feira, 22 de setembro de 2009

História de mau gosto

Estou apaixonada. Mas ele é feio. Muito. Seria mais fácil se eu não tivesse que me desculpar por isso toda hora.

- E aí amiga, como ele é?

- Normal, mas é suuper gente boa.

-Ah...

O próximo passo é baixar a cabeça e desconversar. Pior é o momento da apresentação. O cara sempre vai ser invisível nos lugares. Fato! Principalmente se houver muita gente.

- Cadê ele?

- Aquele ali de cinza.

- Onde?

- Ali, encostado na pilastra.

- Aquele moreno forte de Ray-ban??? Se deu bem, hein...

- Não, o de óculos de grau.

Silêncio...

Nunca imaginei que a beleza fosse tão importante para as pessoas e para mim. Já pensei em não mostrá – lo às amigas. Não deu certo. Melhor assumir o mau gosto do que ter fama de encalhada com namorado imaginário.

O mundo é mesmo cruel. Não há espaço para a beleza interior na era dos anabolizantes, chapinha e silicone. E quem se mistura com feio, feio é.

E como explicar isso aos homens? Porque, para eles, quem anda com feio, mercenária é. Eles sempre pensam que o cara tem dinheiro.

Não me importo. Não é uma coisa, nem outra. Beleza acaba. A do meu namorado se resumiu a ser um lindo bebê. Mas o que fazer se é ele que meus olhos procuram todo o tempo, em cada rua, todo dia? Se é a voz dele que precisa ser ouvida para eu ficar em paz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz. E ninguém mais.


Papel

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