segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sotaque Irrônico

Meu sofrrimento é eterrno. Jurro que sou totalmente inocente e, inclusive, desde que nasci, nada pude fazerr para merrecer tamanha pena. Cerrtas vezes, me perrgunto se não serria um castigo a meus antepassados, já que estes, parra aumentarr meu desprazerr, não tive ao menos a chance de conhecerr. Na verrdade, nem sei de onde vim. Pelo sotaque, devo ser da Frrança, mas, como dizem que também puxam os “erres” no Quebec, não tenho certeza.

Não me aguento mais de pé e não suporrto mais estas roupas que esquentam demais no calorr, pesam demais na chuva e não prrotegem do frio. Meus brraços doem de cansaço e meu pescoço está tão durro que prrocurro nem lembrrar que o tenho. De cerrto, deve estarr pensando que é frrescurra minha. Pois experrimente carregar peso porr tanto tempo. Ou melhorr, veja o quanto consegue manterr a mão apontada para o céu com o cotovelo completamente esticado. Duvido que conseguirria mais tempo do que eu. Dessa dorr eu já me resignei, pois o que me irrita mais são os joelhos. Se soubessem o quanto eu odeio ficarr de pé… Prrefirro nem olharr parra minhas perrnas, que já devem estarr de desenhadas de varrizes horrendas.

Outrra coisa que me enfurrece (não pense que sou tão ranzinza, só estou aproveitando a rarra oporrtunidade de me lamentarr) é verr como as pessoas se alegrram com a minha torrturra. Apontam sorrindo, jogam coisas em mim, olham até de lunetas (sim, não pensem que não vejo os que trripudiam de longe, sou boa de fisionomia) e fotogrrafam para não se esquecerr. Serr humilhada diarriamente porr serres tão pequenos me deixa verrde de ódio. Sinto tanta raiva que enlouqueço e acho que estão andando na minha cabeça.

Ainda falando sobrre o que me irrita (não desista, acho que agorra é a melhor parrte), penso como os homens são injustos. Outrro dia, descobrri o porrquê do meu sofrrimento (sim, já sabia, mas não disse antes só de raiva). Sou um tipo de marrco parra eles. Soube que até gostam de mim, o que não muda o meu rancorr, que fique bem clarro. Não pude me moverr nos últimos 123 anos de dias interrmináveis e noites frrias ao relento parra que nunca se esqueçam do quanto é imporrtante ser livrre. Irrônico, não? Não me consola nem um pouco saberr que não fiz nada de errado e que o que faço é por sacrrifício, pelo contrrárrio. Felizmente, isso não tem adiantado e vejo o quanto esses homens que parrecem andarr para onde querrem são tão ou mais presos do que eu, pois nunca andam parra onde devem e terrminam porr gastarr sua liberdade em círrculos infinitos, o que é muito mais cansativo. É isso, querro mesmo é que não sejam livrres, prronto falei. É que me revolta muito. Sabe o que é o fim da picada? É terr descoberrto que me chamam de Estátua da Liberrdade. Aí já é demais.


Mudo

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