terça-feira, 22 de setembro de 2009

Questão de segurança

Cerca de alguns dias atrás, enquanto conversava com um antigo companheiro de guerra, tive de parar para refletir acerca de um assunto que foi posto em questão. Quando perguntado sobre que tipo de argumento este meu velho companheiro de guerra usaria em determinado momento de uma discussão política, a resposta dele foi simples: "Eu jogaria uma bomba nele!". Diante da reação de estranhamento de todos os presentes, ele emendou: "Que tipo de argumento seria melhor do que uma bomba?". Afinal, que tipo?

Regredindo um pouco, comecei a pensar em algumas ocasiões na vida de alguém em que ter uma bomba não seria uma má idéia. Por exemplo, não seria ótimo ter uma bomba quando mandavam que parássemos de brincar para tomar banho ou fazer a lição de casa? Ou ainda mais quando nos cobravam essa lição no colégio? Quando o fortão do colégio dizia que queria jogar bola no seu time e no seu lugar? Ou até passar na frente na fila da cantina? A bomba, afinal, mostra-se um argumento poderoso, principalmente para crianças. "Filho, larga esse carrinho e vai tomar banho!", "Nem vem mãe! Eu tenho uma bomba e não há nada que você possa fazer que mude isso!". E talvez até a rebeldia adolescente ganhasse algum sentido.

O tempo vai passando e o indivíduo cresce e naturalmente seus objetivos se alteram, mas mesmo assim a bomba ainda se apresenta impecavelmente de novo como argumento. Imagine um rapaz nervoso de tremer as pernas ao pedir um beijo (o que seria o seu primeiro) para uma menina. Agora imagine este mesmo rapaz com uma bomba no bolso, que será usada em caso de "emergência". As pernas dele naturalmente já não estarão tremendo. É tudo uma questão de segurança. "Não vai me dar um beijo é? Olha que eu jogo essa bomba em você!". Tomemos como exemplo também o período do vestibular. Neste caso, a bomba seria um argumento tão simples que beira o ridículo. Bastaria enviaruma carta fazendo suas solicitações à universidade de seu gosto, caso contrário ninguém mais estudaria neste local. Ou até, quem sabe, explodir os principais colégios da cidade da tal universidade.

E não adianta acrescer números à idade do indivíduo "em questão" que a bomba vai continuar sendo o melhor argumento. Ela pode ser útil desde o momento em que se quer explodir o (a) cônjuge, o chefe, a sogra, as ruas e estradas por causa do trânsito, o policial abusado, o político safado, ou até o bandidinho que tenta te ameaçar com uma arminha de fogo. Afinal, quando se tem uma bomba, o que temer? Tenho que aplaudir esse meu antigo companheiro de guerra. Como eu nunca havia pensado na bomba com toda esse poder argumentativo? Afinal, não é assim que povos inteiros são convencidos que suas culturas são erradas?


Rambo

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